Segundo Gilberto Salvador, “o artista é uma pessoa com a visão mais ampla, e por isso não pode se limitar a uma só linguagem”, definição auto-aplicada pelo artista que dela fez um modelo de comportamento de vida.
Por diversas razões, Gilberto Salvador não é um artista ou uma personalidade comum. Sua marca, como pintor, é definida em cada um de seus trabalhos, que avançam adiante da velocidade dos tempos, levando seus passageiros ao destino pretendido, cercados pelos suaves movimentos de seus traços. Suas paisagens são abstratas, o que permite ao espectador adaptar as formas à sua própria sensibilidade. Os títulos de suas pinturas denotam a intimidade e os segredos compartilhados entre o autor e sua obra. Certamente as discretas intenções ou mensagens de seus trabalhos guardam com elegância os sentimentos do artista, que não aparenta desejar esconder nenhum objetivo, ou redesenhar qualquer emoção. Os quadros de Gilberto Salvador são momentos vividos em épocas diversas, trazidos ao plano vertical de suas telas, no fundo, habitada pelas experiências e lembranças antigas e contemporâneas, generosamente divididas entre publico que respeita, admira e festeja o sucesso deste grande “maestro” da pintura brasileira. – Lula Freire, Revista Ventura, 1998
Montada a partir da desconstrução de objetos simples, Gilberto Salvador criou esculturas onde a questão do espaço e o diálogo entre orgânico e geométrico estão presentes. As obras – 80% delas construídas nos últimos dois anos – resultam de um processo que envolve uma relação constante entre pensamento e técnica, uma das características mais marcantes do trabalho do artista. Maria Amélia Bulhões, membro da Associação Internacional de Crítica de Arte, diz que Gilberto Salvador é um artista que, em suas exposições, sempre surpreende o público.
“Talvez ele próprio se surpreenda, pois, embora afirme não haver em sua obra grandes mudanças, mas desdobramentos, revela a cada novo trabalho uma corajosa autonomia discursiva. Nessa grande mostra, quem esperava apreciar seus quadros ou gravuras, verá esculturas. Opção essa que não constitui o marco de uma nova etapa, mas a retomada de um caminho há muito transitado”. “Reflexões Visuais de Gilberto Salvador” relembra, com a exibição de algumas peças especiais, as participações do artista na III Jovem Arte Contemporânea do Museu de Arte Contemporânea da USP, em 1969, e na X Bienal Internacional de São Paulo, também em 1969.
Para a exposição, que reúne cerca de 35 peças – algumas que passam dos 2 metros de altura ou de largura – foi produzido também um catálogo especial, com texto e entrevista com o artista. O evento conta com patrocínio do Banco Santander-Banespa, Engevix Engenharia e Usina Colorado. O apoio é de Gráficos Burti, Montana Química, QG Propaganda e Ministério da Cultura. A exposição conta com visitas gratuitas guiadas por monitores, que incluem breves propostas de criação e reflexão a partir do processo do artista.