Com 30 objetos tridimensionais do artista plástico Gilberto Salvador, o Museu da Casa Brasileira (MCB), instituição vinculada à Secretaria de Estado da Cultura, abre a mostra Gênesis no dia 12 de setembro, quando será lançado um livro homônimo em co-edição do MCB com a Imprensa Oficial. A obra escultórica de Gilberto Salvador estará em exposição no jardim do museu, com peças em escala de diálogo com a arquitetura e a urbe. Pela maneira como foram criadas e elaboradas, as peças ganham um significado que transcende a arte visual. Elas se inserem de forma marcante no espaço arquitetônico, onde a escala humana e o desenho da cidade mantêm diálogo sincronizado através da obra do artista.
A Exposição Gênesis com objetos tridimensionais, que Gilberto Salvador apresenta no Museu da Casa Brasileira, mostra-se como um convite para os sentidos de diferentes visitantes.
Nada de olhar desatento ou mensagens óbvias, pedindo tempo e pensamento para serem apreciadas, num diálogo entre as premissas do artista e a vivência de cada um. Sintoniza-se com as mais recentes tendências visuais, que se aproximam do passado, como um imenso dicionário, em que se buscam unidades, como palavras, para elaborar novas orações visuais.
As escalas amigáveis em que ele se detém, ao lado da montagem no jardim do Museu, permitem uma relação próxima e diferenciada, especialmente para os que lhe devolverem a mesma atenção dada pelo artista em cada detalhe.
Configuram os mais recentes trabalhos, especialmente elaborados para esta exposição, propiciando uma série de formas, que o espectador encontrará, desafiando-nos a analisar os resultados, obtidos em longa carreira. Apaixonado pelas cores, formas, ritmos, movimento e com um fazer primoroso, revela como elementos constantes podem criar diferentes objetos.
Os títulos são pistas, mas por vezes contrárias, querendo que a significação visual e lúdica seja compartilhada pelo público, o que não é habitual, pois em geral se deseja reconhecer algo pré-existente, o que não ocorre aqui. As obras carregam aspectos comuns a toda a humanidade, trazendo formas geométricas regulares e irregulares, facilitando muito a interação com todos.
Gilberto Salvador habitualmente trabalha com séries, diferenciando uma peça de outra, de modo a estimular um olhar especial, para captar as sutilezas formuladas, por vezes com ironia, em outras, demandando concentração. Parte de formas geradoras, ou seja, a gênese. Cada matriz se desloca e se desvia, ora para a lateral, ora para direções opostas, pedindo para serem contornadas e permitindo, na similaridade, captar especificidades.
– Maria Cecília França Lourenço, 2009