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2008 | Exposições “Mulheres Verticais”, Luiz Paulo Baravelli

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Baravelli elegeu o corpo feminino como ponto de partida para sua produção pictórica. Cada uma das mulheres representadas ó o acumulo de experiências vividas. Elas podem ser angelicais, inocentes, alheias, sensuais, vestidas, nuas, contemplativas, tímidas e recalcadas, todas com seu universo particular, o que faz com que a mostra tenha uma unidade visual.

O artista se utilizou de uma diversidade de técnicas para compor a sua exposição. Colagens, desenho, pintura acrílica e automotiva coexistem em cada uma das placas recortadas de Eucatex e mdf. Quanto a verticalidade, a explicação do autor é que “horizontais são fatos. Verticais são histórias”. Cabe ao interlocutor decifrar o que cada obra pretende.

 

Muito mais que mulheres

A exposição Mulheres Verticais, de Luiz Paulo Baravelli, na AC Galeria de Arte, em 2008, mostra como o pensar e o fazer caminham juntos nos artistas que preservam qualidades inerentes aos trabalhos plásticos dignos desse nome como a inquietação não apenas discursiva, mas refletida num processo de pintura.

Os conjuntos de desenhos e pinturas trazem à mente numerosas questões. Os primeiros mostram o fascínio do artista pela prática do modelo vivo. Trata-se de um interminável exercício que exige do criador o domínio da figura, do espaço e da técnica, três elementos que diferenciam profissionais de amadores.

É no conjunto de pinturas de mulheres verticais que a exposição atinge uma instigante dimensão. A maneira de colocação das placas de compensado ou de Eucatex permite justamente criar corpos e silhuetas femininas que escapam do tradicional.

Não se está perante uma exposição de mulheres, mas de uma reunião de obras sobre um tema, que poderia ser flores ou frutos. A questão é bem mais densa. Concentra- se sobre o universo de estabelecer uma personalidade visual ao próprio trabalho. Surgem assim corpos de frente, de lado e de costas numa espécie de sinfonia visual.

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A mágica da arte comparece quando progressivamente vamos olhando menos para as mulheres e mais para a maneira como elas foram realizadas. Ouso da linha, das ondulações e da geometria são combinados num mistério muito peculiar, onde cada obra se vale por si, mas ganha mais destaque quando articulada com as outras.

Nesse momento, uma obra intitulada Flamenco, de 2007, ganha uma rica conotação. A imagem de uma figura feminina batendo palmas, sonoridade essencial no universo dessa dança tão visceral, parece estar aplaudindo suas companheiras de uma sedutora caminhada pelo corpo feminino.

Luiz Paulo Baravelli, acima de tudo, consegue inserir em cada trabalho alma, algo apenas possível para quem, como ele, provém das nuances que a prática do desenho de modelo vivo proporciona. Assim suas mulheres verticais são muito mais que mulheres. São poéticas obras de arte.

Oscar D’Ambrosio, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil).

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Reportagem do “Metrópolis” sobre a exposição “Baravelli / Mulheres Verticais”, TV Cultura (assistir)

 

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